quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Arenas viram novo modelo de negócios


Fonte: Valor

A alta exigência de financiamento para a construção dos 12 estádios planejados para a Copa de 2014 - um investimento próximo a R$ 6 bilhões - levou clubes e poder público a buscar fórmulas alternativas de contratação dos projetos. Algumas propostas envolvem a combinação de contratos de construção e concessão associados ao desenvolvimento de empreendimentos imobiliários nos arredores das arenas.

De olho nesse mercado não usual, grandes empreiteiras do país também estão mudando seu jeito de fazer negócios e criando áreas que tentam combinar construção, marketing esportivo e ações no ramo imobiliário.

A OAS Empreendimentos Imobiliários resolveu abrir uma subsidiária, a OAS Arena, empresa que cuidará da construção e gestão de estádios de futebol. A idéia é que a nova companhia faça a ponte entre os complexos esportivos e a incorporação imobiliária. Pretendem aproveitar os terrenos vizinhos para projetos e até aproveitar o terreno do estádio - em casos de transferência da sede.

Em diversos lugares, os estádios foram construídos na periferia, mas acabaram engolidos pelas cidades e acabaram em lugares estratégicos e, geralmente, valorizados. É o caso do Olímpico, estádio do Grêmio, em Porto Alegre. Foi justamente por causa desse projeto, que lhe garantiu o direito de operar o estádio por 20 anos, que a OAS resolveu criar a nova empresa.

No local, construirá também prédios comerciais, residenciais, hotel, centro de convenções, edifício-garagem e torres comerciais. Em contrapartida, ficará com o terreno onde está o atual estádio do Grêmio, que abrigará um projeto residencial. O novo estádio, previsto para ser entregue em março de 2013, vai ser usado para treinos na Copa. O estádio escolhido para sediar o evento é do concorrente, o Internacional.

A construção do complexo custará R$ 475 milhões, 45% financiados pelo BNDES e 55% com recursos próprios. O que era para ficar em um único projeto, ganhou escala maior depois que o Brasil foi escolhido para sediar a Copa de 2014. Além do Grêmio, a OAS vai dividir com a Odebrecht (50% cada) a construção e a gestão da Fonte Nova, em Salvador - este sim, uma das sedes da Copa.

Segundo Carlos Eduardo Paes Barreto Neto, diretor da OAS Empreendimentos, e novo responsável pela OAS Arenas, a companhia também está disputando todas as outras licitações que não foram definidas, como Natal e Cuiabá. Na Bahia, por exemplo, o objetivo é criar uma casa de shows. "O princípio, como em outros lugares do mundo, é ter uma casa de eventos, lastreada em futebol, que tem prioridade na agenda", diz Barreto Neto.

Além dos shows e dos jogos, o objetivo é ter uma ampla área de serviços, como restaurantes, lojas, espaços para festas infantis, museu, feirão de automóveis e até eventos religiosos. "Queremos otimizar ao máximo esses espaços", afirma. "Dá para dobrar a receita dos estádios com facilidade." Com aproximação dos projetos para receber a Copa, a Odebrecht criou uma área específica para o assunto dentro da Odebrecht Participações e Investimentos, a incubadora de negócios do grupo - de onde saíram a empresas do grupo na área de saneamento, transportes e energia.

O objetivo era se capacitar para gerir o negócio e disputar contratos que combinam a construção e gestão dos estádios. Este ano, a empresa arrematou duas Parcerias Públicas Privadas (PPPs) para construir e operar por 30 anos os estádios de Salvador - em sociedade com a OAS - e Pernambuco.

Cada obra custará cerca de R$ 500 milhões cada uma. Para viabilizar o negócio, está contratando empresas do ramo de marketing esportivo e eventos dos EUA e Europa. Segundo Jeans, nos contratos de PPP, o governo para ao consórcio uma renda mínima em troca da gestão do estádio, e aquilo que o consórcio conseguir arrecadar a mais com suas ações de marketing é dividido entre as empresas e o governo. No caso de Recife, a contrapartida prestada pelo governo totaliza R$ 379 milhões, pagos ao longo do prazo da concessão.

Em Pernambuco, a Odebrecht tem ainda o direito a desenvolver projetos imobiliários para o resto da área obtida pelo governo para o projeto da “cidade da copa”. São ao todo 270 hectares, dos quais apenas 50 serão utilizados para a arena. A área deve abrigar empreendimentos imobiliários e comerciais, mas segundo Felipe Jens será desenvolvido à parte da arena e exigirão outro tipo de contrato com o Estado.

Com um modelo parecido, a WTorre está fazendo a reforma do estádio do Palmeiras, que passa a ter 42 mil lugares. Com direito de explorar o espaço por 30 anos, a construtora terá receita do aluguel dos camarotes, cadeiras, espaço publicitário, centro de convenção, restaurantes e 1,5 mil vagas de estacionamento que ficarão em um edifício garagem construídos ao lado do estádio. A arena foi projetada para abrigar um espaço para shows - inclusive parte do estádio é coberta.

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