segunda-feira, 21 de junho de 2010

Construtoras buscam terrenos em bairros distantes


Nos lugares mais disputados, como o Itaim, escassez de espaço já limita o lançamento de empreendimentos

Fonte: Roberta Scrivano, Aiana Freitas - O Estado de S.Paulo

A ausência de terrenos com características propícias para erguer um prédio na região central de São Paulo está levando as construtoras a buscar oportunidades em regiões mais distantes. Bairros que antes eram periféricos começam a surgir mais requintados. A zona leste de São Paulo é um exemplo que se enquadra no perfil.

Ubirajara Spessoto, diretor de incorporações da Cyrela, concorda que já não há tanta divisão física nos bairros. Ele diz até que também não existe mais divisão entre os 38 municípios que compõem a região metropolitana de São Paulo. "É indiferente para mim, do ponto de vista mercadológico, se vou empreender em São Paulo, Osasco, Guarulhos ou São Bernardo. A divisão física existe mais", diz.

O executivo também garante que não há falta de demanda em nenhum dos novos polos.

Bairros como Perdizes, Pinheiros, Moema e Itaim são os que, segundo as construtoras, terão cada vez menos lançamentos de novos imóveis, apesar de ainda haver forte demanda por essas regiões. "E esses locais são os que têm os preços mais altos", diz Carlos Eduardo Ferraro, diretor da construtora Obracil.

A demanda e o ritmo de novas ofertas têm sido tão ligeiros que, para o diretor da Cyrela, nos próximos 20 ou 25 anos, a tendência é não haver divisão física entre São Paulo, Jundiaí e Campinas. "Não tratamos a cidade de São Paulo separada das outras cidades que formam a Grande São Paulo", avalia.

Preço. Questionado sobre se os preços na capital paulista continuarão em alta, Ferraro, da Obracil, diz que a tendência é haver uma estabilização. "Estamos chegando ao topo dos preços. Acredito que subirá ainda um pouco mais, mas não vamos passar muito do atual limite", diz.

Ele explica que a forte valorização (segundo a Embraesp, no primeiro quadrimestre deste ano, os preços dos imóveis de dois dormitórios subiram 42,8%quando comparado ao mesmo período de 2009) se explica pelo fato da ausência de lançamentos das construtoras antes de 2006. "De repente, houve um boom de oferta de imóveis e de crédito, o que impulsionou a alta dos preços, sobretudo em São Paulo."

Os especialistas garantem que, apesar do cenário atual, o mercado está longe de ficar saturado. "Há muitas regiões para serem exploradas", diz Ferraro. "Temos 5,2 milhões de lares na Grande São Paulo. Se considerarmos que 20% disso é subhabitação, teremos 4,2 milhões de lares aproximadamente. Se o mercado crescer 2% apenas, já são 80 mil unidades novas por ano", afirma Spessoto.

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